“Qualquer ensinamento que não se enquadre nas Escrituras deve ser rejeitado, mesmo que faça chover milagres todos os dias”. (Martinho Lutero)

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Coisas deste mundo

É muito comum se ouvir falar nas igrejas a respeito do cuidado que se deve ter com as “coisas deste mundo”. Esse é um conselho bíblico bastante oportuno (veja 1Jo 2.15-17). O problema é a delimitação simplória que muitos adotam para o que seriam estas coisas do mundo. Geralmente acabam sendo entendidas como elementos comportamentais (principalmente imoralidade sexual) ou culturais (estilo musical, vestuário, etc). Curiosamente, questões relacionadas aos jovens. Mas será que é disso que se trata? Acho que não. Na verdade, as “coisas do mundo” que atualmente ganham força estão relacionadas com a competitividade e a prosperidade.
 
O texto bíblico de 1João menciona três tipos de coisas do mundo que nós não devemos amar nem desejar:
- a concupiscência da carne;
- a concupiscência dos olhos;
- o orgulho da riqueza.

A concupiscência da carne relaciona-se à luxúria, ou seja, ao primeiro e grande motivo que move o homem: a sensualidade desenfreada. Até aí, tudo tranquilo. Não lembro de igreja séria que defenda a libertinagem sexual. Entretanto, com os outros dois tipos, o jogo é diferente.

A concupiscência dos olhos é simplesmente a sedução da aparência. O que é típico do mundo moderno é a COMPETITIVIDADE, ou seja, a necessidade permanente de parecer maior e melhor que o outro – ditadura do capitalismo que impôs a nós não somente um sistema econômico, mas um estilo de vida. Essa é uma das coisas do mundo que penetrou profundamente na igreja evangélica e que a intoxica irremediavelmente. Até ontem bastavam os títulos de pastor, ou reverendo. Hoje, alguns nomeiam a si mesmos bispos – para demonstrar que estão hierarquicamente acima dos outros – ou até mesmo apóstolos – para que todos entendam exatamente quem é que manda no pedaço ou que está mais próximo de Deus. Aos líderes inflados seguem-se os plebeus, que procuram novas-antigas definições como levitas, profetas, mensageiros, ministros, etc. Cada um buscando seus quinze minutos de fama ou seu espaço nos holofotes sacros. Para onde foi a tal da humildade? Onde os servos, os lavadores de pés?

O orgulho da riqueza, então, tomou conta não somente dos anseios de muitos crentes, como predomina em diversos púlpitos – muitos deles, televisivos. O orgulho da riqueza está associado a outro elemento fundamental do capitalismo, a busca do lucro. Que, na igreja evangélica, tomou a forma assombrosa da “doutrina” da PROSPERIDADE. Parece não haver esforço espiritual que não deva resultar em sucesso, num carro novo, apartamento ou uma carreira bem-sucedida. Testemunhar de Deus agora é ostentar a riqueza adquirida – quer dizer, a bênção. Para onde foram os “que adoram em espírito e em verdade”? Que lugar os bem-aventurados do Sermão do Monte teriam nessa igreja?
Temo que estas coisas do mundo – a competitividade e a busca da prosperidade – vieram pra ficar na igreja evangélica contemporânea. Não vejo esperança porque a igreja definiu-se pela estratégia mercadológica da necessidade absoluta do “resultado”, ou seja, crescimento a qualquer custo. Se esta igreja abandonar sua pregação mundana, talvez perca junto com ela a maior parte de seus fiéis.

Curiosidades Bíblicas 

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